Livro
Autora: Mírian Freitas
GÊNERO: poesia | FORMATO: 14X21 | ANO: 2021 | PÁGINAS: 118 | Pólen soft 80
SINOPSE: O exercício de acordar e cantar o orvalho do coração, o nascer da manhã que encontra o caminho da infância, voz de águas modelando as pedras do caminho... na fé dos animais, esquecer das terríveis ferramentas pontiagudas, hidratar os olhos e as penas, refazer o movimento migratório e aguentar a tempestade passar... descobrir os esconderijos de deus e dar o golpe na morte, saltar entre os hemisférios refazendo o jogo infantil... a poeta é toda pássaro na volúpia do voo. em tempos de morte, Mírian Freitas, passeia sua coragem com um silêncio verde, abrigada na incerteza dos astros. é na própria poesia que sem chaves, sem portas, se lança no pátio infinito do céu aberto, no voo imortal. “quando éramos pássaros” é feito com sua palavra-fêmea e brota da necessidade de se reflorestar, reencontra seu parentesco com as árvores, sua amizade com as aves. um movimento luminoso que busca a palavra seiva, semente, selva. Uma poesia que não guarda medos na penumbra e se nutre do desejo pleno. “Impureza e tempestade”, esse é, pra mim, a identidade poética do livro. os textos oscilam entre a incompletude do ser e uma espécie de “amor assombrado”, traz paisagens bonitas e ruínas, no verso da fotografia. em “quando éramos pássaros” Mírian fala de suas “coisas de mulher” – do despertar para os sussurros dos mortos, de como aprendeu sobre os segredos aveludados e de sua escrita com musgos no caderno de capa dura. poesia de musculatura forte e imaginação feroz, as mãos da poeta estão plantadas nos seus escritos – cultivo cuidadoso, palavras adubadas com ternura e paixão, hastes que se erguem fortes no levante arbóreo da renovação. [DEMETRIOS GALVÃO]