GÊNERO: Romance | FORMATO: 16X23 |  ANO: 2020 | PÁGINAS: 398| Pólen soft 80 gr.

SINOPSE: Ao mesmo tempo em que sente estar em dívida com os amigos que o acompanharam em suas ambições literárias juvenis – caberia a ele escrever a história daquela geração, da qual o próprio Ricardo Soares faz parte –, o narrador-autor de Devo a eles um romance afirma incessantemente que não pretende se dar a esse trabalho. Até porque, repete, nem ele nem seus companheiros de jornada fizeram algo de relevante. Trata-se, no entanto, do contrário. O livro representa o derradeiro esforço de quem fia e desfia a trama, não importa qual seja sua identidade – impossível levantar aqui, neste espaço, temas como pacto autobiográfico, autoficção, etc. –, de se fazer notar no mundo, após o assalto de um infarto. Nessa trajetória, confundem-se o individual e o coletivo, a invenção e a memória, a poesia marginal e o Brasil (de fins da ditadura até os dias atuais), a São Paulo luminosa e a que se apaga. “Eu tinha 20 anos. Não venham dizer que é a mais bela idade da vida”, escreveu o francês Paul Nizan (1905-1940) em Aden, Arábia (1931). A frase bem poderia ser dita, a certa altura, pelo narrador ou algum dos demais protagonistas de Devo a eles um romance. Com uma ressalva: aquela foi a mais bela idade de suas vidas. E todos, de algum modo, sabiam disso. O que torna tudo mais duro e lindo – como um diamante. [Por Rinaldo Gama]